segunda-feira, 16 de julho de 2012

Coitadinho, tão estressado, por Cláudio de Moura Castro

COITADINHO, TÃO ESTRESSADO
Cláudio de Moura Castro – Veja 23 de agosto de 2011

“Se há stress entre nossos vestibulando , não é por excesso de dedicação, por horas demais diante dos livros, mas por falta de hábito de estudar”.
 
A Senhora Deborah Stipek se preocupa com o stress dos seus alunos que tentam entrar em universidades hipercompetitivas. Poderiam ser mais felizes e tão bem-sucedidos se fossem para outras com menos nome. Corretamente interpretado, é um comentário pertinente. Contudo, ela é diretora do Departamento de Educação de Stanford e a nota saiu como editorial na revista Science, ambos prestigiadíssimos. Há o risco de ser mal interpretada no Brasil, onde alguns festejam as desculpas para a malandragem. Dito e feito, foi isso que lemos na nossa imprensa.

Entendamos o stress. Sentindo a ameaça de ser comido por uma onça, o corpo reage, reajustando o fornecimento de energia para cada órgão e preparando-se para fuga ou a luta. Hoje há menos perigos físicos, mas a reação é a mesma, diante de uma ameaça, seja o medo de levar bomba na escola ou perder a promoção. Porém, os caminhos do stress são tortuosos (além do que poderíamos explicar aqui). Em primeiro lugar, o que causa stress não é a ameaça em si, mas nossa insegurança de lidar com ela. Pesquisas mostraram baixo stress em advogados defendendo causas difíceis, o qual virava alto stress diante do trânsito engarrafado. Policiais de Los Angeles tomam facas de criminosos, perseguem bêbados na estrada e terminam o dia na delegacia fazendo seu relatório. Supressa! O stress só aparece na delegacia, absolutamente segura. A lógica é cristalina. O advogado passou anos se preparando para lidar como stress dos tribunais, mas não os imponderáveis do trânsito. O mesmo ocorre com o policial. Tomar facas é sua profissão. Escrever um relatório que pode ser criticado por seus superiores é terreno pantanoso.

Em segundo lugar, stress não é necessariamente uma coisa ruim. Pode ser boa. O ato de criação pode ser estressante. Tarefas desafiadoras podem ser estressantes e boas. Portanto, evitar o stress pode significar distanciar-se de realizações. Entras nas universidades de primeira linha é dificílimo. Mas é nelas que se concentram as melhores cabeças e de onde saem as melhores ideias e inovações. É por isso que ouvimos falar tanto de Harvard ou Stanford. Aliás, a professora Stipek trocaria seus orientandos por outros, de universidades mais fáceis?

Voltando à escola, o stress não tem a ver com o número de horas de estudo ou com a dificuldade do assunto ou sua chatice – mas com a falta de preparação para lidar com isso. Um coreano pode passar doze horas estudando, todos os dias, sem stress, pois é seu hábito. Um brasileiro que estuda dez minutos por dia vai ficar estressado se tiver que estudar meia hora. Uma pesquisa curiosa ilustra a desconexão entre o stress e suas causas. Verificou-se que alunos asiáticos ficavam estressados quando tiravam notas ruins, trazendo a vergonha à família e pondo em jogo sua reputação. Em contraste, americanos ficavam estressados quando tiravam notas boas, pois eram malvistos pelos colegas e xingados de nerds. Sofrer com o stress não é uma fatalidade. A solução é aprender a lidar com ele, como fazem os advogados e policiais citados. Achar que os alunos estão estressados porque estudam demais é parte do cacoete que explica nossos péssimos resultados nos testes internacionais.

Em uma pesquisa que realizei, foi possível notar que os alunos do supletivo dedicavam mais horas à televisão por dia do que ao estudo durante toda a semana. Outra pesquisa mostrou que, quanto mais elevada a série, menos o número de horas de estudos diários – com maior maturidade, deveriam estudar mais. Mesmo às vésperas do vestibular, as horas de preparação são poucas, até no ensino privado. Os números mostram: nossa educação combina uma jornada escolar curta com míseros minutos estudando em casa. É o pior dos mundos.

Previsivelmente, o editorial da Science logo despertou o instinto maternal nos nossos luminares: coitadinhos dos nossos alunos, tão estressados! Mas está errado, se há stress, não é por excesso de dedicação, por horas demais diante dos livros, mas por falta de hábito de estudar. Estressado é quem nunca estudou direito e, de repente, ouve dizer que para passar no vestibular é preciso mudar de vida. A solução não deve ser estudar pouco ou buscar um curso fácil, mas aprender a estudar e aprender a lidar produtivamente com o stress.

sábado, 7 de julho de 2012

Professor: profissão perigo

Artigo: Professor: profissão-perigo

06 de julho de 2012 17
Daniele de Freitas dos Santos*
Na última semana, mais um caso de agressão dentro da escola estampou as capas dos jornais de Passo Fundo. Dessa vez, o protagonista foi um menino de apenas oito anos, que agrediu a professora na escola Fagundes dos Reis após ter sua atenção chamada pelo uso de um aparelho celular em sala de aula. Embora a utilização dos celulares seja proibida no ambiente escolar por uma lei federal, esse detalhe é só mais uma cereja no topo do bolo deficitário da educação brasileira, despencando em cada uma das suas camadas sociais, políticas e econômicas.
Não é de hoje que eu tenho uma profunda admiração por quem ainda se atreve a desbravar essa profissão de risco que é ser professor (a). De uma época quando o mestre era visto como uma plataforma para o conhecimento e, portanto, digno de respeito transgredimos para uma era de completa desvalorização dos profissionais da educação. As crianças e os adolescentes não veem no professor alguém mais do que o "chato" que implica com os erros de português, tenta ensinar a fórmula de báscara e faz de tudo para _ com o perdão pela expressão _ ferrar com a sua vida escolar. Uma pena _ e um absurdo.
Não bastasse a péssima e injusta remuneração do magistério - enquanto nossos "representantes" votam com uma agilidade absurda em aumentos ainda mais absurdos nos próprios salários -, é preciso um verdadeiro jogo de cintura para aguentar a falta de respeito que tomou conta das salas de aula em todo o país. Isso sem contar as agressões físicas e verbais as quais os professores estão expostos diariamente, no próprio ambiente de trabalho - que deveria ser de aprendizagem mútua -, proporcionadas por uma juventude extremamente mal educada. Infelizmente, o caso de agressão envolvendo esse menino não é um fato isolado.
Mas, como já dizia a Lei de Murphy que nada está tão ruim que não possa piorar, ainda temos que assistir perplexos e embasbacados o apoio dos pais ao péssimo comportamento dos filhos. E, de quebra, ainda colocam a culpa no professor. Eles não percebem que não se pode cobrar da escola uma tarefa que é da família? Os estudantes entram em sala de aula para aprender matemática, português, geografia, história, ciências: os valores e os princípios vêm de casa! A escola não é e nunca foi um lugar para se ensinar aquilo que é dever dos pais.
É claro que não podemos tapar o sol com a peneira: existem muitas falhas na educação prestada pela escola. Alguns professores trabalham apenas para cumprir carga horária e se aposentar, sem um pingo de preocupação em preparar seus estudantes com uma formação escolar, no mínimo, adequada. Essa é uma realidade em Passo Fundo, no Rio Grande do Sul, no Brasil. Sei, por experiência própria, de professores que passavam cinco exercícios para serem feitos na apostila da disciplina, dedicavam o período inteiro para essa tarefa que poderia ser cumprida em 10 minutos, deixavam os alunos que estavam com preguiça copiarem as respostas e, no dia da prova, permitiam o uso do material. Sei também de outros que simplesmente largavam uma bola de vôlei ou futebol para os alunos e passavam a tarde toda tomando cafezinho na sala dos professores, sem se preocuparem em preparar uma aula decente ou realizarem alongamentos e aquecimentos. E eles continuam "trabalhando" até hoje.
Contudo, nada, e absolutamente nada disso dá direito a um aluno _ ou a qualquer outra pessoa - agredir um professor. Muitos deles trabalham três turnos por dia, sem contar as madrugadas destinadas a preparação de aulas e correção de provas, para garantir a sua formação e aprendizagem. Você pode não gostar deles, discordar das opiniões que eles têm e achar que muitas das coisas que ouve não lhe serão úteis em momento algum da sua vida com exceção à prova no fim do semestre, mas respeito é a força motriz do relacionamento professor-aluno _ ou, pelo menos, deveria ser. Afinal de contas, sem o professor não existiria outra profissão.
*Estudante

sexta-feira, 15 de junho de 2012

O Balde

O BALDE

Você já ouviu falar no copo que transbordou? Esta é uma história de um balde, parecido com o copo, só que maior. Todos temos um.

Ele determina como nos sentimos à respeito de nós mesmos, à respeito das outras pessoas e de nosso convívio com a sociedade. Você realiza uma série de boas coisas e seu balde vai ficando cheio.

O balde pode ser preenchido por várias coisas que lhe acontecem.
Quando alguém lhe fala, reconhecendo-o como um ser humano , seu balde enche-se um pouco. O mesmo acontece se lhe chamam pelo nome ou pela forma que mais lhe agrada.

Se lhe elogiam pela roupa que está usando ou por um trabalho bem feito, o nível de seu balde vai subindo. Se lhe escrevem uma carta amigável, se lembram dos nomes de suas crianças, se lhe demonstram simpatia ou se lhe prestam importante ajuda no trabalho pesado, o nível do balde continua subindo.
Quando o balde estiver cheio desta carga emocional, o dono do balde pode expressar calor e amizade para as outras pessoas.
Mas, lembre-se, esta é uma estória sobre um balde e algo que pode perfurá-lo.

Entre as pessoas existem os ''furadores'' e podem começar a furar seu balde à qualquer momento. Isto pode ser feito também de um milhão de formas diferentes. Digamos que estou em um restaurante e sem querer derrubo um copo de leite com chocolate, que cai sobre a toalha da mesa, na saia de uma senhora e sobre o tapete. Eu fico envergonhado. Os olhos brilham. 

Sei que mesmo sem querer cometi um erro e então alguém me diz:
"Veja o que você fez! Que sujeira !" Ele fez um furo em meu balde.
Baldes são preenchidos ou esvaziados...Esvazia-se muitas vezes porque as pessoas não pensam realmente sobre o que estão fazendo.

Quando o balde de uma pessoa é esvaziado, percebesse a diferença de quando era cheio. Você faz um elogio à pessoa que está com balde vazio e poderá receber uma resposta irritada, agressiva. Embora existam limites a tal analogia, há pessoas que parecem ter enormes furos em seus baldes e estão sempre irritadas.

E elas espalham irritação, furando os baldes das outras pessoas.
A história de nossas vidas é um eterno vai-e-vem entre encher e esvaziar o balde.  Quando ajudamos a encher o balde de alguém, estamos enchendo o nosso e, se ao contrário, furamos o balde de alguém, também perdemos um pouco.

Por uma variedade de razões, as pessoas hesitam em encher o balde de outra pessoa e conseqüentemente não experimentam o divertimento, a alegria, a felicidade e a satisfação de fazer uma outra pessoa feliz. Então, vamos afastar o "furador". Vamos encher baldes por aí.
E Vocês meus amigose com seus jeitinhos gentis que admiro!
O que tem feito? ''Furando" ou ''Enchendo" baldes?
 

quarta-feira, 13 de junho de 2012

a escola - paulo freire



janelas-quebradas-tolerancia-zero-e-criminalidade

  Em 1982, o cientista político James Q. Wilson e o psicólogo criminologista George Kelling, ambos americanos, publicaram na revista Atlantic Monthly um estudo em que, pela primeira vez, se estabelecia uma relação de causalidade entre desordem e criminalidade. Naquele estudo, cujo título era The Police and Neiborghood Safety ( A Polícia e a Segurança da Comunidade), os autores usaram a imagem de janelas quebradas para explicar como a desordem e a criminalidade poderiam, aos poucos, infiltrar-se numa comunidade, causando a sua decadência e a conseqüente queda da qualidade de vida.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Nicolau teve uma idéia!!

Nicolau tinha uma idéia

Capa do Livro - Nicolau tinha uma idéia de Ruth Rocha.

“Era uma vez um lugar onde cada pessoa só tinha uma idéia na cabeça.
João tinha uma idéia assim: #######
Maria tinha uma idéia assim: *********
Pedro tinha uma idéia desse jeito: !!!!!!!!!!!
E Manuela tinha uma idéia desse jeitinho: +++++++++
Um dia apareceu um homem chamado Nicolau.
A idéia de Nicolau era assim: ????????
Logo que Nicolau chegou, foi procurar João.
E contou sua idéia a ele.
E João ficou com duas idéias na cabeça: # ? # ? # ?
João contou a idéia dele para Nicolau.
E Nicolau ficou com duas idéias na cabeça. ## ? ## ? ##
Aí, Nicolau foi contar sua idéia para Maria.
E Maria ficou com duas idéias na cabeça. ****?*****?
E contou a Nicolau a idéia dela.
Nicolau ficou com três idéias na cabeça. ???****###???****###

Nicolau falou com Pedro,
Com Manuela
E uma porção de gente mais.
Nicolau ficou cheio de idéias.
E as idéias de Nicolau começaram a se misturar
Umas com as outras e a formar
Muitas outras idéias.
Então, as pessoas começaram a achar que era
Muito divertido ter muitas idéia na cabeça.
Começaram a procurar Nicolau para ele
Contar as idéias que ele agora tinha.
E todo mundo foi ficando com uma porção de idéias na cabeça.
Aí, cada um resolveu trazer os filhos para o Nicolau contar suas idéias.
Nicolau teve que arranjar
Um lugar grande, onde
Ele pudesse contar às
Crianças as suas idéias.
E naquele lugar, agora, todo mundo tem
Uma porção de idéias.
Como você, que também conversa com os outros,
Ouve as idéias deles e aprende uma porção
De idéias na escola.”